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Ale Nagado

Death Note e os "perigos" do entretenimento

TV levanta polêmica sobre o conteúdo de séries e animês.

No último fim de semana, o programa Domingo Espetacular, da TV Record, publicou matéria sobre a influência perigosa de séries e animês no comportamento e na saúde mental de crianças e jovens. Ouviram alguns pais e também um psicoterapeuta que acha que violência não deve ser vista nem por adultos, um típico fabricante de pessoas frágeis que acha tudo tóxico para a sociedade. Claro que tem clamor por censura envolvido, claro que tem órgãos de governo sendo puxados para isso.


É a velha questão da liberdade de expressão, algo que vem sendo destruído cada vez mais, em todo o mundo, sempre em nome da coletividade, do bem-estar social e de uma suposta evolução da humanidade. Sabemos aonde isso leva. Mas, sem grandes divagações filosóficas, vamos ao ponto principal:


NADA substitui a SUPERVISÃO e EDUCAÇÂO dos pais para filtrar e orientar suas crianças e adolescentes na família. O Death Note, o popular "caderno da morte" do animê (mangá e série live-action também) homônimo, foi usado como exemplo maior desse "perigo". Só que quem escreve no Death Note os nomes de quem gostaria de ver morto é o vilão da série, não os heróis. Se o jovem se identifica com os malfeitores, tem algo errado na formação dele, certamente.


Uma pessoa bem orientada em seus valores morais e éticos vai curtir uma aventura (indicada para sua faixa etária, claro) e vai se identificar com a coragem e altruísmo dos heróis, não com a maldade e covardia dos vilões. E brincadeiras de "vivo e morto", ou "tiroteios" com arminha de brinquedo sempre fizeram parte do imaginário infantil - especialmente o masculino - com um senso claro de realidade e fantasia presente em qualquer criança normal. Adultos com medo de uma brincadeira certamente fazem crianças duvidarem de seu próprio senso de realidade.


Um outro ponto, no qual concordo totalmente, é a importância da classificação indicativa. Vi pela internet muitos pais e educadores escandalizados com crianças brincando de Round 6, a recente série coreana que conquistou o mundo via Netflix. Só que a série não foi feita para crianças, elas nem deveriam ter visto. Como a cultura estabelecida, desde os tempos da TV transistorizada, é a da "babá eletrônica", muitos pais e responsáveis simplesmente largam os filhos assistindo qualquer coisa e depois vêm reclamar.


Não é dever nem do Estado e nem dos produtores de conteúdo controlar o que uma criança ou adolescente assiste. Aos produtores cabe, dentro de um senso de responsabilidade e autorregulamentação, fazer uma indicação etária. É prerrogativa dos pais, que têm a obrigação moral de orientar bem esses jovens para entender o contexto das obras, saber separar realidade de ficção e também identificar quais comportamentos são valorosos e éticos e quais devem ser condenados.


A cultura pop, com seus desenhos, séries, quadrinhos, games e filmes, tomou o lugar das lendas e contos de fadas, e tem o poder de formar o imaginário de gerações inteiras. Mas para que isso seja algo benéfico, não adianta fazer sensacionalismo e escandalizar as pessoas, o que só leva a clamores por censura e generalizações perigosas, mas sim assumir responsabilidades perante a educação de seus filhos. Não se pode terceirizar tal responsabilidade ao Estado, pois as consequências podem ser desastrosas.



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