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Intercambio no Japão - Parte 2

A conclusão do relato sobre a viagem de intercâmbio ao Japão, indo de Tokyo para Hiroshima e Kyoto.

Em Hiroshima, um monumento em homenagem às vítimas da guerra, simbolizadas pela menina Sadako.

Intercâmbio no Japão - Parte 1

8 de março de 2008 MADRUGANDO PARA VER... PEIXES Tendo ido dormir tarde no Hotel Cápsula, acordamos às 3h00 da manhã para ir conhecer o Mercado de Tsukiji, um local que começa a funcionar realmente muito cedo, recebendo comerciantes e pescadores profissionais que abastecem restaurantes e hotéis. O lugar é enorme, cheio de coisas e muito movimentado. Parecíamos estar em um cenário de filme.

A área do leilão de atum, lotada às 6 da manhã.

Era 5 da manhã quando começamos a andar lá dentro, e trabalhadores corriam de um lado para o outro, num ritmo frenético. Alguns usavam pequenos veículos com a frente redonda, parecendo que haviam saído de um filme de ficção científica. No galpão principal, centenas de atuns gigantes eram posicionados para o leilão que acontece diariamente.


Os atuns são pescados em mares glaciais e levados para leilão, cujos clientes são compradores de restaurantes sofisticados, interessados no precioso peixe, com o qual se faz um sashimi muito apreciado.

Roberta, Nagado e Gabriel.

Dia 8 também foi o dia do meu aniversário e a Roberta puxou os parabéns do povo. Eu estava longe da família, mas a situação da viagem era tão empolgante, que nem deu pra ficar triste. Completei 37 anos, sendo o terceiro mais velho do grupo. O Alex tinha completado 37 no dia 3, em pleno vôo. E o Marcelo, com 38, era o mais velho dos Jovens Líderes, sendo já um experiene repórter da TV Globo RJ. A exigência de idade máxima de 35 anos para o intercâmbio, afinal, não era tão rígida, e os japoneses não são presos a regras de modo intransigente.

O impressionante leilão de atum congelado.

SHINKANSEN - RÁPIDO COMO UM FÓRMULA 1

Ainda de manhã, corremos para a estação de trem, onde íamos pegar o Shinkansen, o famoso trem-bala japonês.

Shinkansen, o trem-bala.

Correndo a uma velocidade média de 300km/h, o trem é silencioso, confortável e é até melhor do que andar de avião, pois não tem turbulência. Andar de shinkansen é caro e muitos japoneses nunca andaram nele. E além de viajarmos com tudo pago, ainda tivemos o privilégio de, no caminho, vislumbrarmos o gigantesco Monte Fuji. Com 3.776 metros de altura, o impressionante cartão postal do Japão parecia uma figura quase etérea e ao mesmo tempo imponente e colossal. O céu estava limpo, o que permitiu uma visão perfeita do famoso vulcão, que ainda é ativo, mas de baixo risco de erupção.

O imponente Monte Fuji, visto de dentro do trem.

HIROSHIMA: O MUSEU DA PAZ E OS HORRORES DA GUERRA AVISO: A partir daqui, a narrativa se torna bastante pesada e não é aconselhável para pessoas de espírito mais sensível. Chegando em Hiroshima, fomos aos poucos entrando no clima da visita que viria a seguir. A nossa guia Silvia começou a explicar um pouco sobre a cidade, que fica entre montanhas e é recortada por rios e lagos. Um lugar muito bonito que, na época da Segunda Guerra abrigava uma escola preparatória de oficiais militares. Por não ter sido ainda bombardeada nenhuma vez e por suas condições geográficas, foi escolhida a dedo para ser o alvo do primeiro ataque nuclear da história. A derrota do Japão era questão de tempo, mas era preciso mostrar ao mundo um poder sem precedentes que colocaria os EUA à frente do mundo no período pós-guerra. E os povos de Hiroshima e Nagasaki pagaram um preço alto por isso. Em 6 de agosto de 1945, uma única bomba atômica lançada por americanos matou cerca de 140 mil pessoas somente em Hiroshima, hoje um símbolo da paz.

O Monumento da Paz, de onde se pode ver o último prédio remanescente da época da bomba atômica.

O dia estava limpo e ensolarado, contrastando com o clima lúgubre que comecei a sentir. Pra mim, parecia que estávamos pisando em solo sagrado. Andamos ao redor do único prédio que restou do bombardeio atômico. Outrora uma repartição pública localizada a cerca de 600 metros do ponto onde a bomba foi detonada, apenas parte de sua estrutura (incluindo sua famosa cúpula) resistiu, servindo como um registro da violência daquela explosão. Depois ficamos sabendo que todas as vidraças dos prédios atingidos se fragmentaram em milhões de pedaços, que retalharam grande parte da população. Com os homens adultos quase todos nas frentes de batalha, a maioria na cidade era formada por mulheres, crianças e idosos.

Cercada por montanhas, rica em lagos e com uma academia militar, a então intocada Hiroshima foi escolhida para sofre o primeiro bombardeio nuclear da História.

E chegamos ao Museu Memorial da Paz. Lá, é necessário entrar com o espírito forte e preparado, pois as imagens e informações que se consegue lá são impactantes, devastadoras. É impossível ficar indiferente ao que se vê lá e há informações em vários idiomas, incluindo o português.


Maquetes mostram como era a cidade antes e depois da bomba (foto acima e abaixo). Há objetos, roupas, partes de construções afetadas pela explosão e até fragmentos de corpos conservados, para que todos possam ver e imaginar o horror daquele dia e os que se seguiram. As fotos de sobreviventes e mortos são arrepiantes. Queimaduras horríveis, imagens dantescas de um inferno que tomou forma naquele fatídico dia. Notei que muitas famílias levam crianças para o local, e é comum ver pessoas chorando. Lá, aprende-se o valor da vida e da paz. É uma experiência monumental visitar o museu de Hiroshima.

Maquetes mostram a cidade antes...
... de lodo depois da explosão nuclear.

Muitas pessoas, além de horrivelmente queimadas e desfiguradas pelo calor nuclear, vagavam em desespero, com inúmero pedaços e cacos de vidros encravados em todo o corpo. Fotos mostravam corpos desfigurados, outros carbonizados. Um chocante diorama mostra bonecos em escala real para mostrar como as pessoas desfiguradas atingidas pela radiação e destroços vagavam em desespero pelas ruas.


Abaixo, parte de uma série de desenhos feitos na época, que descreviam o desespero dos sobreviventes. Com os corpos derretendo literalmente, muitos se atiraram às águas envenenadas em busca de alívio, e lá pereceram.

Desenhos feitos por gente que presenciou horrores indescritíveis.

Um prédio que pertencia a uma repartição pública foi uma das únicas estruturas que, milagrosamente, ficou em pé, como que para servir de lembrança daquela monstruosidade causada pela guerra.


Este prédio se manteve em pé, como se para servir de registro de um dos dias mais terríveis da História.

Um dos mais tocantes relatos é sobre a pequena Sadako Sasaki, uma menina linda que foi contaminada pela radiação em Hiroshima. Lutou durante anos contra uma doença degenerativa, sem sucesso. Uma antiga crença no Japão dizia que quem fizesse 1.000 tsurus (origami de pombo), se curaria de qualquer doença. Sadako, sua família e colegas de escola fizeram os mil pássaros. Mas infelizmente, aos 12 anos, Sadako morreu e foi sepultada com os tsurus.


A foto dela no caixão, mostrada no museu, mostrava uma expressão de profundo sofrimento, de uma vida com tanto a fazer e que foi interrompida pela guerra, como tantas outras. Em sua homenagem, um monumento foi erguido, no qual uma escultura de Sadako aparece erguendo um tsuru gigante.

Monumento em homenagem a Sadako, uma das inocentes vítimas da guerra. Vista de longe, a imagem forma uma cruz.

ENCONTRO COM UMA SOBREVIVENTE DA BOMBA ATÔMICA Depois de percorrer todo o museu, fomos levados a uma sala de conferências onde ouvimos uma palestra da senhora Emiko Okada, sobrevivente da bomba. Ela, que era criança quando a bomba caiu, conta que perdeu uma irmã mais velha e que sua mãe perdeu o bebê que esperava por causa da radiação. Alguns relatos foram acompanhados de desenhos feitos por sobreviventes. As descrições dos cadáveres eram impressionantes e chocavam mais ainda quando falava-se das crianças mortas. Ela se tornou uma espécie de embaixadora da paz, realizando conferências para conscientizar sobre o perigo das armas nucleares. É uma batalha que ela sabe ser perdida, mas é incansável.

Sra. Emiko Okada, sobrevivente da bomba e conferencista sobre a paz.

Aparentemente forte, a senhora Okada desenvolveu uma doença no sangue, que no entanto não a impede de viajar a outros países para dar seu testemunho sobre a desgraça que é a guerra e o uso da energia nuclear para fins bélicos. Várias vezes, a intérprete Silvia teve que interromper a tradução da palestra, pois alguns relatos a fizeram chorar muito. A maioria do grupo chorou em diversos momentos e, com a voz embargada, Aline Kashinoki falou em nome do grupo, agradecendo o encontro e a maravilhosa lição de vida que ouvimos. Ao final de seu depoimento, a sra. Emiko distribuiu para cada um de nós um pequeno tsuru, que é um símbolo da paz. Nós a abraçamos muito e ela, que não está acostumada com esse tipo de manifestação, sorriu bastante e disse que parecíamos netos dela. Foi um momento muito tocante que jamais sairá de nossa memória.

Ainda sob o impacto do que vimos e ouvimos, levamos nosso carinho a uma pessoa abençoada.

Exaustos, física e emocionalmente, seguimos para o Rihga Royal Hotel, um luxuoso hotel de padrão internacional onde pudemos descansar. No dia seguinte, iríamos conhecer a antiga capital do Japão, uma bela cidade histórica repleta de museus, templos e castelos.

9 de março de 2008

OS TEMPLOS DE KYOTO


Ainda sob forte emoção após o dia anterior, o grupo de intercâmbio foi conhecer o lado mais tradicional do Japão, com belezas arquitetônicas e uma verdadeira imersão cultural

Entrada de um dos muitos templos de Kyoto.

Logo de manhã, pegamos outro Shinkansen, para seguir de Hiroshima para Kyoto, a antiga capital do Japão. Cerca de 1h40 de viagem depois, lá estavamos para um dia inteiro de passeios culturais, sem necessidade de terno ou traje formal. Depois de toda a emoção que passamos em Hiroshima e da correria na qual estávamos envolvidos desde o início da viagem, foi providencial termos momentos de paz e sossego.

Kyoto, uma das mais belas cidades do Japão.

Conhecemos diversos templos, como o impressionante Templo dos Mil Budas. Dentro, onde não é permitido tirar fotos, havia um grande salão com mil estátuas do tamanho de uma pessoa. Cada buda representado tinha um rosto diferente, permitindo a identificação com um grande número de pessoas que podia procurar algum traço fisionômico próprio em cada estátua.

Paulo, Nagisa, Nagado e Raphael.

Caminhando pelo local, ainda tivemos a sorte (uma palavra recorrente na viagem) de presenciar um casamento budista tradicional, tudo muito solene e elegante. Em outro templo, havia o Chão de Rouxinóis. Trata-se de um tipo de "alarme" que havia em alguns castelos e templos. O assoalho de madeira, quando pisado, emite um som parecido com o canto de um rouxinol. Não era madeira rangendo ou um barulho irritante, mas um som delicado que, com a multidão andando lá, causava a impressão de se ouvir uma revoada de passarinhos.

UMA PAUSA PARA MEDITAÇÃO Depois, fomos ao Templo Daitokuji, onde tivemos uma experiência de prática da meditação Zazen sob a orientação de um monge. Em posição de lótus (ou quase, que aquilo não é mole não), tentamos esvaziar a mente e entrar em estado de profundo relaxamento. O monge passava de um lado a outro e, quem desejasse uma bênção, bastava ficar com as mãos em posição de oração e curvar o corpo para a frente. Com um bastão de madeira, ele dava batidas rápidas e secas nos ombros da pessoa. O barulho forte assustou alguns, mas não era algo que machucava, muito pelo contrário, parecia que ativava a circulação.

A arquitetura tradicional, preservada por séculos.

Vimos os belos jardins de pedra do templo e entramos em uma sala que não é aberta à visitação do público, somente convidados especiais. Era o salão particular de meditação de Musashi, o mais famoso espadachim da história do Japão. Alguns, mais entusiastas da história de Musashi, ficaram emocionados com a honra. O monge que serviu de guia era extremamente simpático e sorridente, deixando todos muito à vontade. Em seguida, fomos conhecer uma das mais famosas atrações de Kyoto.

O resplandecente Kinkaku-ji, uma das atrações de Kyoto.

KINKAKU-JI - O PAVILHÃO DE OURO

Depois, fomos conhecer o impressionante Kinkaku-ji, um local de orações de senhores feudais com paredes folheadas a ouro. Localizado em um parque que no século XIII foi o vilarejo Kintsune Saionji, o pavilhão dourado impressiona pela beleza.

Na verdade, todo o parque é extremamente bonito, bem cuidado e acolhedor. Oratórios, altares e templos dão ao parque um ar solene e passear naquele lugar silencioso dava uma sensação de serenidade e paz.

CULTURA TRADICIONAL


À noite, fomos assistir a uma demonstração de cultura tradicional no Gion Corner.


A série de apresentações atrai muitos turistas e cada ato é planejado para oferecer, de forma rápida, uma visão sobre diversos tipos de arte tradicional japonesa.

Uma gueixa verdadeira faz uma apresentação de dança.
Ikebana - A arte dos arranjos florais

No palco, uma tradicional gueixa (pode ser escrito como "geisha"), pequena e delicada como uma boneca, demonstrou sua dança quase etérea, assim como um imponente ator mascarado de kabuki, mostrando dois extremos da dança tradicional japonesa. Também houve demonstrações de chadô (cerimônia do chá), ikebana (a arte dos arranjos florais), kotô (instrumento tradicional) e o teatro kyogen, que consiste em pequeno sketches cômicos.

Um ator de teatro Kabuki

A mais interessante das apresentações foi do teatro de bonecos bunraku, onde uma trágica história é contada por meio de uma boneca articulada movimentada por operadores vestidos de preto.


Nessa modalidade de arte tradicional, somente o mestre pode mostrar o rosto, enquanto os auxiliares ficam cobertos de preto da cabeça aos pés. Depois, fomos jantar no Hotel Hiean no Mori.

O teatro de bonecos Bunraku.
Uma apresentação com dois o-kotô.

HORA DE DESCANSAR Finalmente, fomos ao último hotel que nos hospedaria no Japão, o Rhiga Royal Hotel Kyoto, da mesma rede que havia nos hospedado em Hiroshima. Os luxuosos e sofisticados hotéis Rhiga são considerados 3 estrelas no Japão, o que levou muitos de nós a achar que no Brasil, não existem hotéis 4 ou 5 estrelas de verdade. Depois de voltar ao hotel, eu, Daniel, Miguel e Gustavo (os 4 caras paulistas da turma) saímos para andar. Compramos saquê em lata numa loja de conveniência e ficamos bebendo pelas ruas de Kyoto. Conversamos sobre como tínhamos chegado até aquele ponto e sobre nossas expectativas. Ninguém podia imaginar que tudo aquilo ia acontecer conosco, era um sonho realizado, mas também um passo adiante. Entre o aviso de inscrição para o programa e a viagem, menos de três meses haviam se passado. E aquela semana estava sendo a mais intensa de nossas vidas. O último dia de programação oficial nos reservava um mergulho no universo de um assunto que levou muitos de nós a se interessar pelo Japão: o mangá.

10 de março de 2008 O MUSEU DO MANGÁ

De manhã, fomos conhecer o Kyoto International Manga Museum, um verdadeiro templo da arte dos quadrinhos japoneses. Em nossa visita guiada, uma funcionária nos explicou sobre o acervo, que tem algumas peças bastante interessantes.

A obra mais antiga é um rolo de papel de 10 metros com ilustrações cômicas de animais humanizados. Chamada de chôjuu-giga, foi desenhado por um monge budista de nome Masami Toba no século XII e o trabalho é considerado um ancestral dos mangás. Vimos também algo sobre o qual eu só havia lido.

Um acervo que cobre séculos de História do mangá e das artes gráficas japonesas.

Na época do pós-guerra, uma diversão popular entre as crianças era o kami-shibai, que consistia em contar uma história mostrando desenhos. O contador de histórias ia de vila em vila com seu mostruário de desenhos e ia contando as historinhas conforme trocava as ilustrações. Eles vendiam doces e é daí que vinha seu sustento.


Com o tempo, a atividade foi desaparecendo, mas há um movimento hoje em dia para revitalizar e modernizar esses contadores de histórias, que reúnem desenho e arte teatral.

Um dos cartazes sobre o kami-shibai.

Do século XIX, tablóides e revistas inspiradas nos cartuns da imprensa ocidental, sem nada que lembre os modernos mangás, ou mangás pós-Tezuka. Trabalhos consagrados, desconhecidos, raridades e curiosidades preenchem dezenas e dezenas de prateleiras. Há mangás de todas as épocas, tendências, estilos e gêneros, formando um acervo de dezenas de milhares de obras. Um lugar incrível para se passar uma semana explorando. Site oficial do Museu: https://kyotomm.jp/en/

Conferência: "O mangá de Osamu Tezuka e a cultura japonesa no pós-guerra".

No Centro de Estudos Japoneses, tivemos uma palestra sobre mangá com o professor Shuhei Hosokawa, vice-presidente do Centro Internacional de Estudos sobre a Cultura Japonesa. Homem globalizado, apresentou um contraponto ao nacionalista e tradicionalista professor Yasuki Hamano, que conhecemos em Tokyo. Apaixonado pela cultura brasileira, falou conosco em um português bastante razoável, apresentado sua palestra sobre Tezuka.

Shuhei Hosokawa

Ressaltando a importância do mangá como entretenimento acessível no difícil período pós-guerra, ele explicou, do ponto de vista de alguém que conheceu Tezuka de perto, como o trabalho desse gênio causou um profundo impacto na cultura japonesa.


Explicou de modo bem didático a evolução do trabalho de Osamu Tezuka, aclamado ainda em vida como o "Deus do Mangá". Foi ele quem codificou os principais elementos estéticos e narrativos do moderno mangá, sendo a inspiração de quase todos os que vieram depois dele. Ele também foi o autor de inúmeras criações exibidas no Brasil, como Astro Boy, A Princesa e o Cavaleiro, Os Vingadores do Espaço, Kimba, Don Drácula, O Menino Biônico, Metrópolis e tantos outros.

A biblioteca do Centro de Estudos Japoneses.

À noite, fomos em um restaurante de cozinha experimental para nosso jantar de despedida. Fizemos nossa bagunça, comemos e bebemos. A aventura estava chegando ao fim.


Na última noite, parte do grupo ainda foi a um karaokê. Eu, que adoro um karaokê, peguei no sono no quarto do hotel e acabei perdendo a última atração. O cansaço estava batendo forte.

11 de março de 2008 A DESPEDIDA


Logo cedo, às 06h30, partimos para o Aeroporto de Kansai, construído em uma área aterrada. Ou seja, é uma plataforma construída como prolongamento do território japonês, uma estrutura fantástica que comporta um aeroporto moderno e movimentado. Lá, aguardamos nosso vôo (que ia partir às 10h40), e muitos já começaram a sentir o cansaço pelos dias de emoção intensa e muitas atividades.

Aeroporto de Kansai

A longa viagem incluía outra escala na Alemanha, desta vez no aeroporto de Frankfurt, nem tão grande, moderno ou bem cuidado quanto o de Munique. Como na ida, ficamos espalhados pelo avião, mas desta vez, sempre tinha alguém mudando de lugar e andando pelo avião para bater papo. Acho que os comissários de vôo até se estressaram com a gente, pois a "turma de brasileiros" estava toda hora saindo do lugar e se comunicando.

12 de março de 2008 DE VOLTA AO BRASIL

Chegamos no Aeroporto Internacional de Guarulhos às 06h30 da manhã. A maioria seguiu para pegar vôos para seus respectivos estados, já que apenas cinco de nós eram de São Paulo. Exaustos e com a sensação de dever cumprido, nos despedimos e voltamos para nossas vidas cotidianas, mas a experiência provocou mudanças em todos nós, bem como o desejo comum de utilizar um pouco do que aprendemos lá.


Passadas algumas semanas, ainda fomos convidados para jantar com os cônsules da época, Masuo Nishibayashi e Michiko Takeda, para que pudéssemos contar pessoalmente nossas impressões sobre a viagem e nossa estadia no Japão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em apenas uma semana, não se pode conhecer muito um país. Mas foi uma semana muito intensa, com uma programação que raramente alguém consegue cumprir em tão pouco tempo. Presenciamos muita organização e um senso de civilidade e limpeza que deveriam servir de inspiração para o povo brasileiro. O grupo dos Jovens Líderes continuou trocando ideias por um tempo após a viagem, e consegui me reencontrar com alguns em ocasiões especiais. Em um grupo tão heterogêneo, é difícil ficar igualmente amigo de todo mundo em tão pouco tempo, mas o entrosamento foi ótimo. Tínhamos o Japão como interesse em comum e vivemos muitas experiências inesquecíveis em conjunto.


Depois da viagem, continuei escrevendo sobre cultura pop japonesa, mas cada vez mais ampliando a abordagem histórica e questões filosóficas e sociais. O Consulado Geral do Japão me levou a palestrar em alguns eventos e nunca parei de estudar e compartilhar conhecimento, seja em textos para sites e publicações, livros, palestras ou participação em lives. A viagem foi fundamental para ampliar minha percepção sobre um país que produz tanta cultura e entretenimento de qualidade. Tenho histórias para contar pelo resto da vida. Espero ter conseguido passar um pouco dessa aventura nestas postagens.


FIM 終わり (owari)


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