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Grandes Antologias de Mangá: NAKAYOSHI

Uma das mais icônicas revistas para garotas no Japão.

Capa da edição de abril de 2022, destacando Card Captor Sakura.

Quadrinhos voltados ao público feminino formam uma importante parcela do mercado de quadrinhos no Japão. Já no início do século XX existiam publicações voltadas para meninas, e isso se consolidou na década de 1950. Inclusive, existem várias publicações para cada subdivisão desse nicho, divididas por faixa etária. Os títulos femininos mais populares são os shojo mangá, ou seja, os quadrinhos voltados para garotas entre 12 e 18 anos, aproximadamente.


Nesse amplo universo do shojo mangá, um dos títulos mais importantes é "Nakayoshi", da Editora Kodansha. É também uma das antologias de mangá mais longevas, tendo sido lançada no final de 1954, com data de capa marcando janeiro de 1955. O nome pode ser traduzido por "amiga íntima" ou "grande amiga" e inicialmente a revista trazia contos ilustrados e artigos voltadas para meninas, de crianças a pré-adolescentes, mas logo evoluiu para ser uma publicação toda de mangá para garotas adolescentes.


A revista é mensal e oferece um grande mix de histórias. Seguindo a tradição das antologias de mangá, tem mais de 400 páginas, ao custo atual de apenas 620 ienes (cerca de R$ 25,00). Além disso, a revista vem sempre recheada de brindes, como bolsinhas, adesivos, capinhas de guarda-chuva, artigos de papelaria e encartes. Tudo isso é parte de uma intensa estratégia de vendas, pois com tantos brindes, mesmo duas irmãs pedirão um exemplar para cada, ao invés de apenas uma emprestar para a outra. Estranhamente (ou não, afinal estamos no Brasil), esses brindes não costumavam chegar até as prateleiras das livrarias brasileiras de importados que vendiam somente a revista, sem a maioria dos brindes.

A edição de estreia da Nakayoshi.

Em seus primórdios, em 1958, a Nakayoshi publicou uma das mais aclamadas versões de Ribbon no Kishi, mangá conhecido no Brasil por sua adaptação em animê intitulada A Princesa e o Cavaleiro, um clássico de Osamu Tezuka. A versão de Ribbon no Kishi de 58 fez ainda mais sucesso que a original de 1953, tendo sido publicada no Brasil pela Editora JBC.


Ao longo dos anos, a revista publicou grandes sucessos, como Candy Candy, Sailor Moon, Sakura Card Captors, Guerreiras Mágicas de Rayearth e Super Doll Licca-Chan, que assim como A Princesa e o Cavaleiro, ficaram conhecidos no Brasil através de suas versões em animê. A publicação tem ainda uma extensa lista de outros sucessos, como Aoi-chan Panic, Anmitsu Hime, Miracle Girls, UFO Baby, Magical DoReMi, Sugar Sugar Rune, Sabagebu! - Survival Game Club - e Cells at Work!: Bacteria!, entre outros.


A Nakayoshi é majoritariamente produzida por mulheres, mas foi um editor homem que deu um grande impulso ao título nos anos 1990. Segundo relato publicado no livro Dreamland Japan (Stone Bridge Press, EUA, 1995), do pesquisador Fred L. Schodt, o editor Jun Irie assumiu a Nakayoshi em 1990 e achou que a revista, que já fora mais diversificada, estava muito presa ao clichê "primeiro amor", tudo açucarado demais. Segundo Irie, isso limitava o potencial do mangá e ele começou a incentivar mais ideias. Irie foi um dos responsáveis pelo planejamento de Sailor Moon, o blockbuster de Naoko Takeuchi que surgiu depois da boa acolhida de Codename Sailor V.

Sailor Moon: Publicada no Brasil pela JBC, foi um dos maiores sucessos da história da Nakayoshi.

Com Sailor Moon, e depois Rayearth (do grupo CLAMP), a Nakayoshi ganhou altas doses de ação e injetou batalhas grandiosas no colorido e delicado universo das meninas da época. Isso atraiu o público masculino e a revista ampliou horizontes criativos e comerciais.


Em 1995, com o clímax da fase final do mangá e do animê Sailor Moon - Sailor Stars, a venda da revista chegou perto dos 2 milhões de exemplares mensais vendidos, superando muitas publicações shonen (para garotos), sempre as líderes do mercado de mangá.


A Nakayoshi é a revista que publica as adapações em mangá e histórias inéditas da franquia surgida no animê, Pretty Cure (ou PreCure), um dos grandes e duradouros sucessos do título. Mas, apesar disso, a revista tem sofrido grandes reduções em suas tiragens. Com o advento das publicações digitais e as facilidades de armazenamento, todo o mercado de mangá foi bastante afetado, e isso inclui a Nakayoshi.

Imagem promocional do evento de 65 anos da revista.

Em um levantamento do final de 2021, a revista ainda segurava uma circulação mensal de cerca de 48 mil exemplares, o que é uma queda enorme para um título que já vendeu milhões. Ainda assim, a revista permanece, seguramente, uma das maiores de seu segmento.


Com sua forte estratégia de marketing amparada em brindes, eventos e campanhas conjuntas com TV e games, a Nakayoshi segue oferecendo sonho e diversão a suas leitoras. E, por que não dizer, aos seus leitores que sabem desfrutar da incomparável variedade temática dos quadrinhos no Japão.


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