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Sugar Apple Fairy Tale

Um conto de fadas temperado com romance, tragédia e aventura.

Por Patrick R. de Moraes [*]

Em um mundo de fantasia, Anne Halford tem o sonho de ser tornar uma mestre artesã de

confeitos de açúcar e, para tanto, vai precisar sair de sua cidade e provar seu valor ao mundo.

E o mundo dela não é um mundo de confeitos, portanto, ela compra um fada-guerreiro para

lhe proteger pelo caminho, Shalle Fen Shalle. Um fada [Nota: O termo "fada" não tem flexão.] nada amigável no começo, pois, nesse mundo, as fadas perderam a guerra para os humanos e foram escravizadas.


Enquanto possuir uma asa de uma fada, qualquer pessoa pode controlar a vida dela e dar-lhe ordens. Entretanto, Anne não deseja ter que usar desse artifício e tenta fazer amizade com seu arisco e frio fada-guerreiro. O caminho dos dois não será fácil, e muitos problemas aparecerão para tirar dela a felicidade.


Os contos de fadas sempre me encantaram e faço aqui uma explicação do termo através de

Khéde, no Portal Educação: “Khéde, 1986, p. 16, fala que: as origens dos contos de fadas são as

mais diversas. Proveniente de contos folclóricos europeus e orientais, há neles um

interessante cruzamento de princípios, entre os quais predominam os judaico-cristãos e os

da vertente mística da antiguidade greco-latina. Podemos observar que aqui no Brasil os

nossos contos de fadas tiveram origem europeia e oriental. Citamos os contos dos irmãos

Grimm e Charles Perrault, como exemplo”. Nem sempre os contos são todos adoráveis, pois existem relatos de fantasias sombrias com finais tristes, mostrando o quão amplo podem ser esses mundos de fantasia criados. O próprio Charles Perrault, citado por Khéde alterou muitos dos contos para que a aristocracia francesa não se chocasse com grande parte das histórias que nem sempre eram felizes. E Sugar Apple Fairy Tale vai exatamente nesse sentido. É uma série comovente, que engloba um ótimo cruzamento de princípios, mas em uma realidade que, como escrevi, não é bem um doce açucarado. Existe muita tragédia, muito amor trágico e muitos obstáculos que a Anne e o Shall necessitarão vencer.

A série foi dividida em duas partes, sendo que a segunda parte está chegando agora na

próxima temporada, então, a divulgo nesse instante para que a conheçam e, se desejarem,

queiram acompanhar. No começo, por conta da abertura, achei que seria uma história mais

leve, mas me enganei. A história é mais madura que isso e se centraliza na tentativa de Anne

em ser reconhecida como uma artesã do açúcar. Sonho que sua mãe também possuía antes de

falecer. Nesse sentido, Anne deseja cumprir um sonho que a sua própria mãe não conseguiu.


Como é um drama, com romance simples, em um mundo de fantasia, que respeita o tênue

sombrio dos contos de fadas europeus, a história vai seguindo por esse trajeto, nunca dando

muita atenção aos clichês desse tipo de obra (shoujo com toques românticos), todavia, existe o

conteúdo dramático necessário e que me impressionou. Um fada frio que vai se aproximando

dela, ao perceber em Anne uma pessoa esforçada e de bom coração, e uma Anne que se

dedica à sua profissão com grande paixão.


E não se enganem. A figura da Anne não é como as personagens ocidentalizadas. Ela tem ainda

fortes influências do oriente em sua construção e, por isso, ela é forte sem perder a doçura; é

valente e, também, sincera em reconhecer quando o medo lhe invade o coração; é corajosa,

mas gentil; é trabalhadora, mas também se deixa desgastar; é resistente, mas pode se

fragilizar; tenta ser amiga, mas consegue ser dura quando precisa. Enfim, ela é a figura

feminina que eu espero que se mantenha nos enredos de séries japonesas.

Shalle, Anne e o pequeno Mithryll.

Já o Shall é um fada, ou seja, um homem com muita importância dentro da série. Duro,

grosseiro, agressivo e forte, ele vai reconhecendo na Anne uma figura importante para ele e

ele vai tolerando certas coisas que ele não toleraria normalmente, pois ele possui muito ódio

dos humanos em geral. Ele não tolera a humanidade e, em um determinado momento da

série, ainda no início, ele até assusta por conta de algumas atitudes dele.


Já na primeira noite juntos, o que aconteceu ali quase me fez ir aos livros para ler a motivação do Shall. Foi uma das cenas mais assustadoras, na minha opinião, e sem entrar em muitos detalhes. Porém é na construção da relação com a Anne que ele vai tomando importância dentro do enredo e se torna, no final da primeira parte da série, um personagem VITAL. É também, através dele, que a autora da série mostra um mundo tenebroso, sombrio e com uma perspectiva sinistra.

Quando ele luta, podemos ver como esse mundo é perigoso. Os contos de fadas antigos eram

assim, bem diferentes dos contos adaptados pela Disney, com finais felizes. E a série tanto

respeita esse lado obscuro dos contos, que o final da primeira temporada é até triste.

Capa da light novel, com a arte de Aki.

Hinako Tsubakiyama assina outro ponto forte da produção feita pelo estúdio J.C. STAFF que é a

composição musical. Não poderia deixar de destacar também essa linda abertura. Eu amo ver uma dança animada e os estúdios japoneses são excelentes nesse tipo de trabalho (confira abaixo). É a primeira abertura da série, com uma música magistral e uma dança apaixonante.


Sugar Apple Fairy Tale iniciou-se como uma light novel escrita por Miri Mikawa e ilustrada por Aki, para a editora Kadokawa, sendo que totalizou 17 volumes, de abril de 2010 a janeiro de 2015, através do seu selo editorial Kadokawa Beans Bunko. Durante o período de serialização da novel, uma adaptação em mangá foi produzida para o site Hana to Yume Online (Hakusensha - 2012 a 2014) e a editora Yen Press trouxe ao ocidente a segunda adaptação em mangá, ilustrada por YozoranoUdon e que totalizou dois volumes, mas ainda está em edição! Se desejar acompanhar a obra original, o link da Yen Press está acima disponível!

A segunda temporada começa em 7 de julho de 2023.


[*] Patrick Raymundo de Moraes é escritor,

investidor e autor do blog Outros Papos.

Nota: As opiniões de colaboradores não refletem necessariamente as posições do Sushi POP.

::: VÍDEOS SELECIONADOS :::


1) Abertura da série, versão sem os créditos:

2) "Musical" - Vídeo oficial da canção:

Letra: Yuuho Iwasato / Melodia: Hideshi Kanayama / Arranjo: Hinako Tsubakiyama

Intérprete: Minori Suzuki - Canção disponível em diversas plataformas digitais.


3) Veja esculturas de açúcar reais, feitas com isomalte:


::: FICHA TÉCNICA :::


Sugar Apple Fairy Tale ~シュガーアップル・フェアリーテイル

Estreia no Japão: 06/01/2023 (AT-X e outras emissoras) Total de episódios: 12 Streaming para o Brasil: Crunchyroll EQUIPE DE PRODUÇÃO

Criação: Miri Mikawa (história) e Aki (ilustrações) Composição da série: Kiyoshi Mizukami

Roteiro: Seishi Minakami, Akiko Waba, Kiyoshi Mizukami e Yoriko Tomita

Design de personagens: Haruko Iizuka, Mai Furuki (colaboração)

Design de doces: Yoshihide Mukai, Mai Furuki

Story-boards: Youhei Suzuki, Iku Suzuki, Kiyotaka Oohata e outros

Direção de Arte: Akira Suzuki

Direção de 3D CGI: Yurie Suzuki

Trilha sonora: Hinako Tsubakiyama

Direção musical: Masakazu Sato, En Shinsui Direção de animação: Yuriko Maeda, Jouji Yanase, Mika Takahashi e outros Direção: Miyuki Ishida, Yuki Morita, Kôzo Kaiho e outros Direção geral: Youhei Suzuki

Produtores: Rie Ogura, Taemi Nitta, Kanako Takahashi, Yuji Matsukura, Masaki Ito, Yuko Matsui e Ayaka Nishimae

Estúdio de animação: J.C.STAFF

Realização: Comitê de Produção de "Sugar Apple Fairy Tail"


ELENCO


Anne Halford: Yuka Nukui

Shalle Fen Shalle: Masaaki Mizunaka

Mithryll Lid Pod: Rie Takahashi

Hugh Mercury: Tomoaki Maeno

Kat/ Alf Hingley: Takuma Terashima

Jonas Anders: Reiji Kawashima

Keith Powell: Yuuto Uemura


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