Ale Nagado
- 5 de set.
- 5 min para ler

Patrine, a Estrela Fascinante

Recordando as aventuras de uma antiga heroína do tokusatsu.

Por Bruno César [*]

A década de 1990 foi marcada por uma grande invasão de produções japonesas na televisão brasileira, tanto em séries tokusatsu quanto em animês. A nova onda nipônica iniciada por Jaspion e Changeman no final da década de 80 e reforçada por Os Cavaleiros do Zodíaco na primeira metade dos anos 90, fez com que várias outras produções estreassem naquele período. Porém, a maior parte destes títulos era voltado ao público infanto-juvenil masculino (shounen). Até que, em 1994, a Rede Manchete anuncia uma nova atração, desta vez voltada ao público feminino (shojo), Estrela Fascinante Patrine (ou Bishojo Kamen Powatorin []**).

A série foi produzida pela Toei Company, sendo mais uma criação do renomado mangaká Shotaro Ishinomori. Sua exibição original na televisão japonesa ocorreu entre 7 de janeiro e 30 de dezembro de 1990 pela TV Fuji, sendo parte da Toei Fushigi Comedy Series ("Comédias Maravilhosas"), que na época apresentava seriados do sub-gênero Magical Girl (ou "Garotas Mágicas").

Para estrelar a nova produção, foi escolhida a jovem atriz e cantora Yuko Hanashima. Durante os episódios ainda vemos outros rostos bastante conhecidos do público, geralmente interpretando os vilões da semana, como Jiro Dan (Hideki Goh em O Regresso de Ultraman), Kazuoki Takahashi (Change Griphon em Changeman) e tantos outros.

A trama se inicia quando a jovem Sayuri Nakami (Yuko Murakami no original) vai a um templo fazer uma oração no primeiro dia do ano. Acidentalmente, Sayuri acaba quebrando o sino ao tocá-lo, fazendo com caísse na cabeça de um senhor de cabelos brancos. Este era, na verdade, o Deus Protetor (Kami Sama) disfarçado. Após o incidente, o mesmo concede poderes mágicos à garota, para que assim pudesse proteger a cidade durante sua ausência, já que estaria em período de férias na Itália. Sayuri não poderia revelar sua identidade secreta a ninguém, caso contrário seria transformada em um sapo. Surge assim a super-heroína mascarada, Patrine.

A jovem colegial transformava-se em Patrine ao dizer as palavras: “Magia Cósmica! Metamorfose!”, lutando contra os mais variados tipos de criminosos que ameaçavam a paz da cidade. Durante as missões, Patrine usava como armas uma espada, um pequeno carrossel mágico que fazia com que os vilões se arrependessem de seus crimes e o poder de se disfarçar ao pronunciar a palavra: “Mutação!”.

A primeira fase é marcada pelo aparecimento de vilões bastante excêntricos a cada episódio, como um ladrão de cartuchos de videogame, um cabeleireiro maluco, contrabandistas de brinquedos, entre outros. Apenas na segunda metade da série é que surge o principal inimigo de Patrine, o Diabo do Inferno, como vilão fixo da trama.

Havia grande destaque para a família de Sayuri durante os episódios, gerando vários momentos engraçados e cativantes. A família Nakami (Murakami no original) era formada pelo pai Hayato, um jornalista muito atrapalhado. A mãe, Noriko, sempre cuidando de sua família da melhor maneira. Havia também o inquieto irmão do meio, Hideki e Tomoko, a irmã caçula, que no decorrer da série também ganha poderes, tornando-se a Pequena Patrine.

Um grande destaque da série é o grupo de investigação, formado pelos garotos do bairro e liderado pelo irmão de Sayuri, Hideki, denominado Clube Patrine. Seus integrantes eram Makoto, Kenji e Kazuya. Por vezes, os garotos ajudavam a misteriosa garota Reiko Arai. A mãe de um dos colegas de Hideki era a Detetive Honda, que estava sempre tentando capturar Patrine.

Estreou no Brasil em 4 de julho de 1994 no programa Clube da Criança da extinta Rede Manchete, com distribuição da Tikara Films (antiga Everest Video), empresa de propriedade de Toshihiko Egashira. A série já havia sido negociada no início dos anos 90 e chegou a ser anunciada para exibição em 1993, mas acabou indo ao ar apenas em 1994, juntamente com os sucessos nipônicos Esquadrão Especial Winspector e Os Cavaleiros do Zodíaco. Os dois últimos episódios da série nunca foram exibidos na televisão brasileira.

Patrine e Pequena Patrine: Irmãs em ação!

Patrine teve um sucesso mediano, embora fosse uma grande aposta da Tikara para tentar alcançar o público feminino. Foram lançadas algumas fitas VHS com os primeiros episódios da série pelo selo Arco-Íris Vídeo, que destacava nas capas a frase “A nova rainha dos baixinhos”. Além das fitas, também foi lançado um jogo de tabuleiro da personagem pela Nig Brinquedos.

A dublagem ficou à cargo do extinto estúdio paulista Windstar, de propriedade do dublador Emerson Camargo, que foi responsável por dublar Hayato e o vilão Diabo do Inferno. Outras vozes consagradas foram escaladas, como Marli Bortoletto como Sayuri/Patrine, Angélica Santos como Tomoko/Pequena Patrine e Mário Vilela como Deus Protetor.

NOTAS:

[*] Bruno César é o criador do blog Clássicos na TV e do Canal Túnel do Tempo TV.

[**] Powatorin é a pronúncia japonesa para "Poitrine", termo francês que significa "peito". Nunca se explicou o motivo do nome.

::: E X T R A S :::

[1] "Anata dake change me"

Letra: Ayuko Ishikawa/ Melodia: Toshiaki Matsumoto/ Arranjo: Yasutaka Mizushima Intérprete: Yuko Hanashima - Em momento idol, Yuko Hanashima interpreta o segundo tema de encerramento da série (eps 29 a 51), durante evento em um shopping center de Tóquio (dez/1990).