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Ale Nagado

Kamen Rider KUUGA - O mangá

A versão em quadrinhos de um marco da maior franquia de super-heróis do tokusatsu.

Kamen Rider é a mais popular franquia de super-heróis de tokusatsu no Japão. Tendo começado em 1971 com o primeiro Kamen Rider, de Shotaro Ishinomori (1938~1998), a franquia teve enorme sucesso nos anos 1970. Na década de 80, foram poucas produções, mas com dois grandes sucessos: Kamen Rider BLACK e BLACK RX. A década seguinte foi um período meio perdido, com o irregular filme para vídeo de 1992, o Shin Kamen Rider ~ Prologue (que jamais teve sequência e não deve ser confundido com o vindouro Shin Kamen Rider de Hideaki Anno) e dois outros heróis exclusivos para cinema, o excepcional Kamen Rider ZO (1993) e o bom Kamen Rider J (94), além de um curta-metragem que reuniu os dois últimos. De resto, apenas reprises mantinham a marca viva.


Em 1998, Shotaro Ishinomori faleceu aos 60 anos e havia boatos de que ele estava planejando um novo Kamen Rider. Os produtores da Toei Company precisavam muito fortalecer seus produtos, pois a única franquia a se manter em produção era a Super Sentai. Aos poucos, foram aprimorando a ideia de reviver a franquia Kamen Rider e o resultado estreou em janeiro de 2000. Era o Kamen Rider KUUGA, considerado o primeiro Rider da Era Imperial Heisei.


O Período Heisei foi inaugurado no início de 1989, com a morte do Imperador Hirohito e a ascensão ao trono de seu filho Akihito. Por rigor histórico, o Rider Shin de 1992 seria o primeiro da Era Heisei, mas não é assim que a Toei classifica. Por questões de marketing, como KUUGA representava o renascimento da franquia e era o primeiro a ser produzido após a morte de Ishinomori, apelidado de "Rei do Mangá".

Kamen Rider KUUGA: Um novo começo para a franquia Kamen Rider.

A trama envolve elementos de terror e investigação policial, com os antigos monstros Grongi realizando um jogo macabro que envolve matar e estraçalhar seres humanos. A Polícia Metropolitana de Tokyo, que tem como maior destaque o agente Kaoru Ichijo, não consegue lidar com o nível de ameaça que os Grongi representam. Então, surge o jovem Yusuke Godai, que utilizando o milenar cinto Arcle, se transforma no Kamen Rider KUUGA, dotado de enorme força física e capaz de acessar uma infinidade de mudanças de forma, com diferentes poderes e armas.

Com 49 episódios, KUUGA foi um grande sucesso e abriu caminho para uma produção ininterrupta de séries e filmes da franquia Kamen Rider, que permanece até hoje.


Em 2014, motivados pelo sucesso do mangá ULTRAMAN, a equipe da revista que publica a série, a Hero´s Monthly (Editora Shogakukan), procurou a Toei Company perguntando se não haveria interesse em produzir um novo mangá de Kamen Rider. Então, produtor Shinichiro Shirakura resolveu que poderiam utilizar o Kuuga, pois o público médio da revista era de jovens adultos que poderiam ter visto o herói em sua exibição original. Na época da série, o personagem já havia tido duas versões curtas em mangá para o público infantil, mas agora estavam pensando em um produto arrojado e que não dependesse da série, encerrada há muitos anos. Não seria uma sequência, o que só interessaria aos fãs antigos, mas uma reinterpretação da série clássica, algo capaz de atrair a curiosidade do fandom e também de novos leitores.

KUUGA no traço de Hitotsu Yokoshima.

Para a tarefa, foi convocado o renomado roteirista Toshiki Inoue, que havia trabalhado em nove episódios da série de TV. Com reverência ao trabalho de Naruhisa Arakawa, o roteirista principal de KUUGA, Inoue começou com o mesmo ponto de partida, e então foi desenvolvendo as tramas e personagens ao seu modo. Inoue é um dos mais respeitados roteiristas japoneses, tendo em seu currículo obras como Jetman, Hakaider, Death Note (animê) e diversos Kamen Riders, como Agito, 555 e os filmes Kamen Rider The First e The Next.


A arte ficou com o competente Hitotsu Yokoshima, com as eventuais páginas coloridas a cargo de MIE.


Como na série de TV, o foco narrativo fica com o policial Ichijo, retratado como alguém bem sério e quase incapaz de sentir dúvida, medo ou nojo, sendo totalmente focado em sua missão como agente da lei. Também é muito habilidoso, forte, inteligente, charmoso e sem vícios, sendo um homem perfeito e idealizado. Porém, o confronto com o sobrenatural e a violência absurda dos Grongi abala suas certezas, e seu jeito pragmático de encarar a vida também é confrontado, mas de maneira diferente, quando o viajante e aventureiro Yusuke Godai surge em seu caminho.


Yusuke Godai é alegre e procura sempre estar relaxado, mesmo tendo um passado doloroso e assumindo a linha de frente das batalhas contra monstros cada vez mais poderosos e sanguinários. Godai é escolhido por KUUGA, um antigo inimigo dos Grongi, para assumir seus poderes e sua missão de enfrentar os monstros no tempo presente. Por outro lado, com a descoberta sobre os Grongi, a polícia de Tóquio cria o "Time de Enfrentamento às Criaturas Não-Identificadas", com Ichijo e outros agentes dedicados, como seus colegas Morimichi Sugita, Nozomi Sasayama e os sombrios Tetsuya Suruga e Kei Shintani. No comando da divisão especial, o chefe Sadao Matsukura. No apoio, desenvolvendo armas e equipamentos, a exótica e astuta cientista Hikari Enokida.


A narrativa é muito boa e a arte de Hitotsu Yokoshima é expressiva e dinâmica. Sua diagramação é arrojada e ele consegue extrair emoção e tensão quando preciso, sendo igualmente habilidoso em cenas dramáticas ou mesmo de humor.

KUUGA e AGITO

A obra é consistente ao seu modo e qualquer leitor que jamais tenha visto um Kamen Rider pode acompanhar. Aos que conhecem a franquia, um brinde extra é que esse mangá, seguindo por um caminho próprio, abriu espaço para que o Kamen Rider Agito (da série de TV que sucedeu KUUGA em 2001) também fosse incorporado à trama. Originalmente, KUUGA e Agito (leia "Aguito") já se passavam na mesma continuidade, mas isso nunca foi tão explorado quanto desta vez, com o mangá de Inoue e Yokoshima, que conforme avança, se distancia da série de TV que serviu de ponto de partida. A primeira aparição de Agito se dá já no volume 2 (edição brasileira), mas de uma forma completamente inesperada para quem já conhece o personagem.


A JBC está trabalhando KUUGA no formato BIG, que reúne duas edições da encadernação original. No Japão, 19 volumes já foram compilados, e a série prossegue como uma das principais da Hero´s Monthly.


KUUGA é um dos personagens mais importantes da mais popular franquia de super-heróis do tokusatsu, e sua série de TV logo será exibida no Brasil, via streaming oficial pela Sato Company, conforme anúncio feito no final de 2021. Por isso, é bastante oportuno o lançamento desse mangá no Brasil. Seja um fã da franquia Kamen Rider ou alguém em busca de um bom mangá de ação e terror, uma boa opção de leitura.

Título: Kamen Rider KUUGA ~ 仮面ライダークウガ

Roteiro: Toshiki Inoue Arte: Hitotsu Yokoshima Cores: MIE Planejamento: Shinichiro Shirakura - Baseado em Kamen Rider, de Shotaro Ishinomori

Formato: 13,2 x 20 cm, com 416 páginas (série em andamento) Total: Série em andamento, com 19 volumes já publicados no Japão Tradução: Arnaldo Oka

Lançamento no Brasil: Editora JBC (2021)

Classificação indicativa: 16 anos


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